Quando
engravidei da Laura uma das minhas maiores ansiedades era a amamentação.
Quanto
mais eu lia sobre o assunto mais dúvidas surgiam e mais insegura ficava!!!
Até
que uma amiga me indicou uma pessoa maravilhosa que fez total diferença nesse
período tão delicado.
A Cínthia é
enfermeira obstetra e faz um trabalho super diferenciado de consultoria em
amamentação. Depois dos atendimentos dela todos os meus medos e culpas sumiram
e pude curtir muito o período em que amamentei as minhas princesas!
Pedi
para ela falar um pouquinho sobre amamentação, em especial sobre a livre
demanda.
Aproveitem
muito!!!
"Toda
mãe de recém-nascido em algum momento se pega pensando algo do tipo: nossa,
ainda não comi, ou... hoje não tomei banho, ou talvez: faz tempo que não olho
os meus e-mails.
A rotina amamentação, banho, trocas de fralda, choros, ninar e dormir parece
pouca coisa, mas não é. Porque é repetitivo, e após uma coisa vem outra, e
depois a outra e quando nos damos conta, o dia se foi. A sensação física é de
que fizemos um monte de coisas, mas a mental é de que não fizemos nada.
Por isso, muitas já decidem iniciar a
vida dos pequenos impondo rotina. A-D-O-R-O rotinas, mas não acredito que no
primeiro mês se deva ir em busca disso. Digo isso porque nas primeiras semana e
meses acontece um conhecimento mútuo. Acho que é aí, logo no comecinho que já
percebemos que a maternidade DEMANDA.
E o pior, é que em algum momento ai
mesmo no comecinho alguém vai te dizer que além de tudo isso, dos dias passarem
como horas, das noites mal
dormidas, dos banhos de 3
minutos e alienação com o resto do planeta a amamentação deve ser em livre DEMANDA!
Como assim? E se ele quiser mamar a
cada 5, 10 ou 20 minutos? Não dá pra viver desta maneira!
Como tudo na vida o bom senso deve
prevalecer neste momento. A livre DEMANDA pressupõe que o tempo de cada mamada,
assim como os intervalos sejam ritmados pelo bebê e isso traz benefícios para
ambos, acredite!
Podemos iniciar falando sobre a importância de
olharmos para aquele recém-nascido e pensar: o que ele deseja? Qual sua
necessidade? O que ele DEMANDA? E assim precisamos olhar pra dentro dele e de
nós, das nossas angustias e ansiedades, e não agir conforme a hora que
encontramos no relógio: de mamar, de dormir, de trocar a fralda ou sei lá do
quê. Aprendemos a conhecer
o bebê e saber identificar suas necessidades reais.
Em quase todas as situações podemos erroneamente identificar
um bebê como faminto. Ouço com frequência que o bebê só quer mamar, vive
sugando as mãozinhas ou o
que vier pela frente, que só se acalma no peito, etc etc etc.
Sim,
os bebês se acalmam mesmo no peito, afinal a “fusão ocorre novamente, e
mãe e bebê voltam a ser um só, assim como eram na gestação, e os sons que ele
ouve na posição de mamar são praticamente os mesmo que ouvia intra-útero: ritmo
cardíaco, respiratório, instestinos....
E existe também um fato muito importante: a sucção é o instinto de sobrevivência do
recém nascido, o que o mantem vivo, o
que o vemos fazer desde os ultrassons, não
é mesmo?
Outro fato importante da livre DEMANDA
é o ajuste da produção à DEMANDA do bebê, que vai se alterando com o passar do
tempo. Em um rótulo de leite artificial podemos ver que o volume inicial é de 30 ml, e vai
aumentando progressivamente para 60, 90, 120, 150, 180 e 210 mL. Como seu organismo entende este aumento de
DEMANDA? Fazendo intervalos
menores, tempo de mamadas maiores, por algo entre 2 e 4 dias, em um momento que
chamamos de estirão do crescimento ou crescimento rápido, quando após isso o volume de
leite em cada mamada parece se ajustar e o bebê volta ao seu ritmo habitual. Se
não lhe damos esta liberdade, o ajuste DEMANDA/produção pode ficar comprometido.
Não
defendo, não acredito e não incentivo o bebê a mamar a torto e a direita, a
cada 20 minutos, que seja uma hora. Tento destacar a importância de se conectar
com o bebe e procurar entender o que ele deseja. É fome? Sono? Fralda suja?
Tédio? Frio? Cólica? Excesso de estímulo? São tantas as opções.
Mas
nenhum outro tipo de alimentação DEMANDA menos do que a amamentação exclusiva
em livre DEMANDA. Não há necessidade de lavar, esterilizar, esquentar,
chacoalhar. Vem em temperatura ideal, é impossível esquecer em casa, não pesa
ou faz volume e está prontinho a todo
tempo, ao abaixar o sutiã.
E aí, sobra tempo para as outras DEMANDAS da mãe, da mulher, da esposa, da
filha, da amiga, da profissional..."
Cinthia Calsinski de Assis Dib
Doutora em enfermagem pela Unifesp
Consultora em parto normal, aleitamento materno e cuidados com recém nascidos
Telefone: (11) 98208-8890
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