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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Vitamina D e Gravidez - por Dr. Frederico Maia

A vitamina D é uma das vitaminas mais faladas no momento e sabemos o quanto ela é importante para o nosso organismo, principalmente durante a gravidez! Pensando nisso, o nosso querido endocrinologista, Dr. Frederico Maia, escreveu esse texo super interessante para a gente!
Aproveitem e não se esqueçam de se cuidar sempre!
Beijos!!!

Vitamina D e Gravidez – Porque diagnosticar e tratar?


Hoje é dia de falar da história de uma grande amiga, que se tornou comadre e agora gestante e paciente! E porque no auge dos seus 35 anos, teve que visitar o Endocrinologista em sua 1a gravidez? A futura mamãe do Lucas teve alteração em seus níveis de glicose na 32a semana, quando detectamos também uma deficiência de vitamina D; iniciamos o acompanhamento e tratamento adequado, e o pequeno Lucas está prestes a chegar, no peso ótimo e saudável! 



Verificamos hoje uma crescente “epidemia” de diagnósticos para deficiência de Vitamina D em todo mundo, especialmente em países mais frios e escuros (baixa exposição solar). Ela é responsável pela absorção do cálcio pelo organismo, de grande importância para os ossos e músculos.
A deficiência da vitamina D está associada ao aumento de casos de raquitismo, alterações no crescimento, doenças autoimunes (diabetes tipo 1 e esclerose múltipla). A vitamina D está relacionada ainda ao bom funcionamento do coração, do cérebro e da secreção de insulina pelo pâncreas.
Riscos da deficiência de VITAMINA D na gravidez
Assim, nossa querida mamãe apresentava 2 importantes fatores de risco: idade acima de 30 anos e a deficiência de vitamina D, contribuindo para as alterações de glicose durante a 2a metade da gravidez.
Para a futura mamãe, a deficiência de vitamina D pode levar a um risco maior de pré-eclâmpsia, perda de massa óssea, crescimento intrauterino restrito, diabetes gestacional e aumento de infecções vaginais durante a gravidez. Esses dados foram evidenciados na metanálise publicada no jornal cientifico J Matern Fetal Neonatal Med. 2013 (Jun;26(9):889-99), que envolveu a análise de 24 importantes estudos clínicos. Níveis de vitamina D abaixo de 50ng/mL em gestantes se associaram com aumento de pré-eclâmpsia, RN pequeno para idade gestacional e diabetes na gravidez.
Um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM) em 2007, relacionou os níveis de vitamina D da gestante medidos durante o primeiro e segundo trimestre da gestação com o peso do bebê no nascimento. Os resultados mostraram que mães com deficiência de vitamina D durante a 1a metade da gravidez tiveram bebês abaixo do peso esperado.
Níveis normais de Vitamina D na gestante durante o 1o e 2o trimestres tiveram uma chance 40% menor de desenvolver pré-eclâmpsia GRAVE, em estudo com mais de 3 mil mulheres. Estudos prévios já mostravam impacto no crescimento fetal, com redução do volume de ossos longos no recém-nascido, além de maior taxa de parto pré-termo, em gestantes com deficiência da vitamina D. Para casos de pré-eclâmpsia leve/moderada e complicações neonatais, os dados da literatura ainda são controversos e não há um consenso entre as sociedades médicas (Nassar N, et al. Am J Obstet Gynecol. 2011;205(3)).
Como obter e normalizar a Vitamina D
A vitamina D é sintetizada no organismo a partir da exposição da pele aos raios solares (raios UVB), que leva a produção de um precursor da vitamina (Vit.D3) a partir do 7-deidrocolesterol (Fig.1). No fígado, ocorre a conversão dessa pré-vitamina D3 em vitamina D efetiva (25-OH-VD, que é dosada nos laboratórios), que terá suas ações em diversos tecidos do organismos na sua forma ativa (1,25-OH-VD, formada nos rins). A figura abaixo que mostra todo esse caminho percorrido pela vitamina D a partir dos raios solares. Olhe os valores no quadro para definir se você tem deficiência de Vitamina D.




O diagnóstico é simples e feito a partir das dosagens de exame de sangue. A história de baixo consumo de cálcio alimentar, bem como baixa exposição solar, histórico familiar, doenças prévias dos ossos, devem direcionar para o exame e tratamento adequados.
A Endocrine Society recomenda o rastreamento de deficiência de vitamina D em toda gestante; com dose terapêutica de 1500 a 2000 UI/dia para se manter níveis ótimos de vit. D (acima de de 30ng/mL).
Para nossa paciente, portanto, foi recomendada a suplementação de vitamina D, nas doses de tratamento preconizadas (2000ui/dia), ajuste da alimentação quanto ao teor de cálcio / vitamina D, bem como a exposição solar de no mínimo pernas e braços, sem proteção solar, por cerca de 15 a 20 minutos ao dia. Cerca de 20% do corpo, por 10-15 min. parecem ser suficientes para otimizar os níveis da vitamina D em seu organismo.




E agora, contagem regressiva...para recebermos o Lucas! 
A indicação ou não de vitamina D durante ou fora da gestação deve ser definida pelo seu médico. Não tome medicações ou suplementos por conta própria, pois os riscos podem ser importantes.  

Dr. Frederico Maia.   
Especialista em Doenças da Tireóide – Mestre pela UNICAMP
Endocrinologista – Hospital Israelita Albert Einstein
Consultório Ibirapuera – 11.3885-9906

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