Gente, mais um texto super informativo que o Dr. Frederico Maia
escreveu para o nosso blog!!! Agora o texto é sobre Hipertireoidismo na gravidez.
Adoramos as suas dicas e informações!
Aproveitem!
Beijos!!!
Boa noite caros leitores!!!
Continuando nossa série de casos sobre tireóide, há cerca de 20 dias, atendi
mais uma gestante com alterações importantes do hormônio tireoidiano!!! Só que
dessa vez, o caso era mais complexo, pois se tratava de uma suspeita de Hipertireoidismo
sem o tratamento adequado até o momento.
A paciente S.B, 35 anos, gravida do
2º filho agora, com 11 semanas de gestação, nos procurou devido a um histórico
prévio de tratamento de “hipertireoidismo” há cerca de 5 ano, fez uso da
medicação “Tapazol” na época, por quase 1 ano, sendo suspenso o tratamento há
mais de 2 anos. Então ela engravidou sem exames prévios da tireóide. Quando seu
obstetra pediu os primeiros exames, foi percebido que a “tireóide” (ou seja, os
hormônios dosados no sangue!) estava muito desregulada! Assim, a paciente
retornou ao médico que lhe tratou anteriormente, foi lhe prescrita a dose de
medicação “Propil” (e não mais Tapazol, anteriormente usado), o que deixou a
paciente muito preocupada, pois “leu no Google” e achou melhor “ não usar o
remédio, pelos possíveis efeitos colaterais ao neném”.
E agora pessoal???? O que é pior: o hipertireoidismo não
controlado ou a medicação propriamente dita? Um importante dilema trazido pela
Sra. S.B, não é...então vamos há alguns pontos...
Já falamos aqui, o quanto é essencial
que a mulher que deseja engravidar e esteja em tratamento de hipertireoidismo
(problemas da tireóide) ou que já tenha já sido tratada para alterações da
tireóide, procure seu endocrinologista o quanto antes e avalie seus níveis
hormonais e de auto-anticorpos (TRAB), para programar o tratamento durante esse
período tão especial para mulher.
A “doença de Graves” representa a
grande maioria desses casos. As alterações oculares são um achado frequente e
podem indicar a necessidade de exames tireoidianos nessa mulher antes de
engravidar.
Estudos recentes indicam um risco de
2-3% de má formação fetal em gestações com hipertireoidismo; sendo o período de
maior risco observado foi até a 10ª semana (entre 6-10 semanas, na média). A
recomendação atual da Endocrine Society era de suspender o Metimazol (Tapazol),
pelo maior risco de alterações fetais e
substituir pelo (Propiltiouracil, PTU) no 1º trimestre da gestação, como foi
recomendado para a paciente em questão, pelo colega que atendeu inicialmente.
No entanto, dados mais atuais de 2
grandes estudos, mostraram que ambas as medicações (Propiltiouracil, PTU e
Metimazol, conhecido como Tapazol) tiveram aumento de efeitos deletérios nessa
1ª fase da embriogênese (formação fetal < 6 sem.). A prevalência de até 6%
de outras má formações foi observada em até 2 anos de seguimento. Nos casos de
gestantes com exposição precoce (< 6 semanas) ao PTU, observaram má formação
em 2.3% dos recém-nascidos, consideradas mais “brandas” em relação às
complicações geradas pelo Metimazol. Esse resultado foi validado pela
comparação contra cerca de 800.000 nascidos vivos de mães sem doença
tireoidiana prévia.
A figura abaixo mostra o “time” entre
a formação fetal (1-10 semanas), e os riscos principais inerentes ao
hipertireoidismo descompensado e/ou tratamento instituído. O período “rosa” é
considerado o de maior risco “sensibilidade máxima” e possibilidade de
teratogênese (má-formação fetal).
O estudo dinamarquês (J Clin Endocrinol
Metab 2013) avaliou um número
muito significativo de gestantes sem hipertireoidismo, (811.730); e detectaram
defeitos de formação em 5.7% dos casos, em comparação com 9.1% das gestantes
expostas ao Metimazol; e 2.3% expostas ao PTU. Já no estudo japonês, o uso do
PTU na 1ª etapa da gestação, não mostrou aumento de complicações.
Ou seja, não usar a medicação mostrou
um risco de cerca de 6%, com a medicação PTU (propil) o risco foi de 2.3% e com
a medicação Metimazol (Tapazol), foi de 9.1%. Portanto, como já havia passado o
pior período de risco (13 semanas atuais da nossa paciente), reforçamos a
importância do inicio do tratamento com Propil (PTU), naquela ocasião, pelo
menor risco para gestante e feto, no 1º trimestre da gravidez.
Além dos exames obstétricos, é importante que seu
Endocrinologista avalie os níveis de TRAB durante a gestação. Besançon e
colaboradores em estudo recente (Eur J Endocrinol. 2014, jun. 170:855-62),
evidenciaram maior taxa de hipertireoidismo neonatal (no recém-nascido) quando
da presença de TRAB (+) em gestantes em tratamento para hipertireoidismo. Cerca
de 70% dos neonatos tiveram TRAB (+) também, e 7 (29.1%) recém-nascidos
desenvolveram hipertireoidismo (confirmados entre 4 e 7 dias no pós-parto).
Evidenciar as alterações da tireóide
o mais rápido possível e buscar as alternativas de tratamento mais adequadas
para que a gestação ocorra dentro do menor risco possível! Converse com seu
médico para tomar as decisões mais adequadas a você!
Abraços do Dr. Frederico.
Dr.
Frederico Maia.
Especialista
em Doenças da Tireóide – Mestre pela UNICAMP
Endocrinologista
– Hospital Israelita Albert Einstein
Consultório
Ibirapuera – 11.3885-9906
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