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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Hipertireoidismo na gravidez (Por Dr. Frederico Maia)

Gente, mais um texto super informativo que o Dr. Frederico Maia escreveu para o nosso blog!!! Agora o texto é sobre Hipertireoidismo na gravidez. 
Adoramos as suas dicas e informações!
Aproveitem!
Beijos!!!

Boa noite caros leitores!!! Continuando nossa série de casos sobre tireóide, há cerca de 20 dias, atendi mais uma gestante com alterações importantes do hormônio tireoidiano!!! Só que dessa vez, o caso era mais complexo, pois se tratava de uma suspeita de Hipertireoidismo sem o tratamento adequado até o momento. 

A paciente S.B, 35 anos, gravida do 2º filho agora, com 11 semanas de gestação, nos procurou devido a um histórico prévio de tratamento de “hipertireoidismo” há cerca de 5 ano, fez uso da medicação “Tapazol” na época, por quase 1 ano, sendo suspenso o tratamento há mais de 2 anos. Então ela engravidou sem exames prévios da tireóide. Quando seu obstetra pediu os primeiros exames, foi percebido que a “tireóide” (ou seja, os hormônios dosados no sangue!) estava muito desregulada! Assim, a paciente retornou ao médico que lhe tratou anteriormente, foi lhe prescrita a dose de medicação “Propil” (e não mais Tapazol, anteriormente usado), o que deixou a paciente muito preocupada, pois “leu no Google” e achou melhor “ não usar o remédio, pelos possíveis efeitos colaterais ao neném”.
E agora pessoal???? O que é pior: o hipertireoidismo não controlado ou a medicação propriamente dita? Um importante dilema trazido pela Sra. S.B, não é...então vamos há alguns pontos...

Já falamos aqui, o quanto é essencial que a mulher que deseja engravidar e esteja em tratamento de hipertireoidismo (problemas da tireóide) ou que já tenha já sido tratada para alterações da tireóide, procure seu endocrinologista o quanto antes e avalie seus níveis hormonais e de auto-anticorpos (TRAB), para programar o tratamento durante esse período tão especial para mulher.

A “doença de Graves” representa a grande maioria desses casos. As alterações oculares são um achado frequente e podem indicar a necessidade de exames tireoidianos nessa mulher antes de engravidar.

Fig. 2: alteração ocular da doença de Graves

 
Foto: arquivo pessoal Dr.Frederico

Estudos recentes indicam um risco de 2-3% de má formação fetal em gestações com hipertireoidismo; sendo o período de maior risco observado foi até a 10ª semana (entre 6-10 semanas, na média). A recomendação atual da Endocrine Society era de suspender o Metimazol (Tapazol), pelo maior risco de alterações fetais  e substituir pelo (Propiltiouracil, PTU) no 1º trimestre da gestação, como foi recomendado para a paciente em questão, pelo colega que atendeu inicialmente.

No entanto, dados mais atuais de 2 grandes estudos, mostraram que ambas as medicações (Propiltiouracil, PTU e Metimazol, conhecido como Tapazol) tiveram aumento de efeitos deletérios nessa 1ª fase da embriogênese (formação fetal < 6 sem.). A prevalência de até 6% de outras má formações foi observada em até 2 anos de seguimento. Nos casos de gestantes com exposição precoce (< 6 semanas) ao PTU, observaram má formação em 2.3% dos recém-nascidos, consideradas mais “brandas” em relação às complicações geradas pelo Metimazol. Esse resultado foi validado pela comparação contra cerca de 800.000 nascidos vivos de mães sem doença tireoidiana prévia.

A figura abaixo mostra o “time” entre a formação fetal (1-10 semanas), e os riscos principais inerentes ao hipertireoidismo descompensado e/ou tratamento instituído. O período “rosa” é considerado o de maior risco “sensibilidade máxima” e possibilidade de teratogênese (má-formação fetal).



O estudo dinamarquês (J Clin Endocrinol Metab 2013) avaliou um número muito significativo de gestantes sem hipertireoidismo, (811.730); e detectaram defeitos de formação em 5.7% dos casos, em comparação com 9.1% das gestantes expostas ao Metimazol; e 2.3% expostas ao PTU. Já no estudo japonês, o uso do PTU na 1ª etapa da gestação, não mostrou aumento de complicações.

Ou seja, não usar a medicação mostrou um risco de cerca de 6%, com a medicação PTU (propil) o risco foi de 2.3% e com a medicação Metimazol (Tapazol), foi de 9.1%. Portanto, como já havia passado o pior período de risco (13 semanas atuais da nossa paciente), reforçamos a importância do inicio do tratamento com Propil (PTU), naquela ocasião, pelo menor risco para gestante e feto, no 1º trimestre da gravidez.  
Além dos exames obstétricos, é importante que seu Endocrinologista avalie os níveis de TRAB durante a gestação. Besançon e colaboradores em estudo recente (Eur J Endocrinol. 2014, jun. 170:855-62), evidenciaram maior taxa de hipertireoidismo neonatal (no recém-nascido) quando da presença de TRAB (+) em gestantes em tratamento para hipertireoidismo. Cerca de 70% dos neonatos tiveram TRAB (+) também, e 7 (29.1%) recém-nascidos desenvolveram hipertireoidismo (confirmados entre 4 e 7 dias no pós-parto).

Evidenciar as alterações da tireóide o mais rápido possível e buscar as alternativas de tratamento mais adequadas para que a gestação ocorra dentro do menor risco possível! Converse com seu médico para tomar as decisões mais adequadas a você!

Mais matérias disponíveis também em www.fredericomaia.com.br !
Abraços do Dr. Frederico.


Dr. Frederico Maia.
Especialista em Doenças da Tireóide – Mestre pela UNICAMP
Endocrinologista – Hospital Israelita Albert Einstein
Consultório Ibirapuera – 11.3885-9906

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